Hipoglicemia -

   Hipoglicemia é a baixa taxa de glicose (açúcar) no sangue, não tendo o mínimo necessário ao corpo. As suas causas podem ser variadas e surgir em qualquer idade.
   As suas formas mais comuns de ocorrência, moderadas ou severas, ocorrem quando há complicações nos tratamentos dos vários tipos de diabetes melito, ou há complicações em pessoas hipoglicêmicas crônicas.
   A taxa de glicose aqui abordado é o de plasma venoso ou em soro, medido por métodos-padrão de glicose oxidase, usados por laboratórios especializados em exames de saúde.
   Embora a hipoglicemia possa causar uma variedade de sintomas típicos, o problema principal de sua condição decorre do fornecimento inadequado de glicose como combustível ao cérebro, com prejuízo resultante em suas funções (neuroglicopenia). Os desajustes nas funções cerebrais podem ir desde um vago mal-estar até, se persistir, ao coma (inconsciência) e, mais raramente ao óbito (morte).
   Os sintomas hipoglicêmicos podem ser divididos naqueles produzidos pelos hormônios contra-regulatórios (adrenalina e glucagon), acionados pelo declínio da glicose, e naqueles produzidos pela redução de açúcar no cérebro.
   O metabolismo cerebral depende primeiramente de glicose para trabalhar. Em casos de privação de glicose, pode-se conseguir uma quantidade limitada dela, armazenada nos astrócitos, mas que é consumida rapidamente (em minutos). De qualquer forma, o cérebro é dependente de fornecimento contínuo de glicose, que se difunde do sangue ao tecido intersticial dentro do sistema nervoso central, e aos próprios neurônios. Por isso, se a quantidade de glicose suprida pelo sangue cai, o cérebro é um dos primeiros órgãos a percebê-lo.
   As manifestações neuroglicopênicas (pouca glicose no cérebro) podem causar vários disturbios, como atividades mentais anormais com prejuízo do “julgamento normal”, indisposições não específicas (ansiedades, alterações no humor, depressões, choros incontroláveis, medos repentinos, etc.), negativismo, irritabilidade, agressividade, mudanças na personalidade com labilidade emocional (estados repentinos de alegria e tristeza), cansaço físico e mental, fraquezas, apatia, letargia, sono anornal, confusões mentais, amnésias, tonturas, delírios, “olhar fixo” (visão embaçada, visão dupla, etc.), atos automáticos de partes do corpo, dificuldades na fala (“engolir” palavras, tremura na fala, etc.), ataxia com descoordenação dos movimentos musculares voluntários (às vezes confundido com embriaguez), déficit motor (parálise, hemiparesia, etc.), parestesia, (sensações anormais não causadas por estímulos exterioriores ao corpo), dores de cabeça, estupor, coma, respiração difícil, convulsões focais ou generalizadas, etc. Nem todas as manifestações anteriores ocorrem somente em casos de hipoglicemia. Não há ordem certa no aparecimento dos sintomas e nem todos aparecem juntos. Manifestações específicas variam de acordo com a idade e com a severidade da hipoglicemia para cada caso.
   A importância de um fornecimento adequado de glicose ao cérebro é clara pelo fato de ocorrerem inúmeras respostas nervosas, hormonais e metabólicas para combater uma hipoglicemia. A maior parte das respostas é defensiva ou adaptiva ou tentando aumentar a glicose no sangue via gliconeogênese e glicogenólise, ou providenciando formas de energias alternativas.
   Quando a hipoglicemia é freqüente, mas controlada, o cérebro pode se habituar a níveis baixos de glicose, com redução dos sintomas perceptíveis em momentos de neuroglicopenia.
   Os médicos endocrinologistas geralmente para determinar se os sintomas típicos de um paciente podem ou não serem atribuídos a uma hipoglicemia, consideram os seguintes critérios (denominados de “tríade de Whipple”):
- Os sintomas parecem ser causados por hipoglicemia.
- A glicemia (taxa de glicose no sangue) encontra-se baixa no momento da ocorrência dos sintomas.
- Há reversão ou melhoria dos sintomas quando a glicemia é normalizada.
   Esses critérios acima, entretanto, não são unânimes entre os especialistas, sendo o próprio valor limite que define uma hipoglicemia, fonte de controvérsias. Embora cite-se que o valor de 70 mg/dL (3,9 mmol/L) seja convencionado como o limite inferior da glicemia normal, pode-se definir valores diferentes como baixos em diferentes populações, propósitos e circunstâncias. A taxa precisa de glicemia considerado baixo o bastante para se definir uma hipoglicemia, depende do método de medição, da idade da pessoa e da presença ou ausência de sintomas típicos.
   A capacidade mental da pessoa diminui levemente mas de modo sensível, quando o valor da glicemia cai abaixo de 65 mg/dL (3,6 mM), em adultos saudáveis. Os mecanismos de defesa hormonal (adrenalina e glucagon) são ativados assim que a glicemia passa por limiares (valor em cerca de 55 mg/dL ou 3,0 mM, para a maioria das pessoas), produzindo tremores (agitações involuntárias do corpo) e disforia (inquietação, mal-estar provocado por ansiedade). Por outro lado, não ocorre com freqüência um prejuízo de capacidade mental até que o valor da glicemia caia abaixo de 40 mg/dL (2,2 mM), e até 10% da população mundial pode eventualmente ter níveis de glicose abaixo de 65 mg/dL (3,6 mmol/L) pela manhã (em jejum matinal) sem efeitos aparentes. Os efeitos da hipoglicemia, chamados de neuroglicopenia, é que determinam quando uma certa taxa glicêmica baixo é realmente um problema para a pessoa.
   É preferível que as pessoas com hipoglicemia usem tanto os sintomas que estão sentindo, quanto os dados numéricos que foram medidos em seus glicosímetros (aparelhos eletrônicos que medem a quantidade de glicose no sangue), para se determinar as medidas a serem tomadas, de acordo com a prescrição médica e/ou nutricional.
   Um paciente que está com diabetes melito descompensada e freqüentemente lê valores acima de 200 mg/dL (11,1 mM) no glicosímetro, pode sentir sintomas de hipoglicemia quando a taxa de glicose no sangue chegar a valores “normais” de 90 mg/dL (5,0 mM). Neste caso, a pessoa não apresenta uma hipoglicemia clássica, mas terá alívio de sintomas com o tratamento rotineiro para hipoglicemias. Além disso, quando a glicemia diminui a uma taxa rápida, também podem surgir sintomas de hipoglicemia. Este critério é por si só complicado de se definir pelo fato de os sintomas da hipoglicemia serem vagos e poderem ser produzidos por outros motivos, além do que, quando a pessoa passa por níveis baixos de glicemia com recorrência, ela pode perder a sensação de limiar (ponto a partir do qual um efeito começa a produzir-se), de forma que pode haver agravamento de seus sintomas (por neuroglicopenia) sem que ela note. Para completar a dificuldade, os glicosímetros existentes são inexatos para baixos valores, o que descredita a sua utilidade nessas horas.
   A prevenção da hipoglicemia depende da sua causa. Os diabéticos insulino-dependentes (diabetes melito (tipo 1)) normalmente chamam a hipoglicemia já no estado de neuroglicopenia, somente de hipoglicemia, sendo este um problema clínico importante que deve ser considerado no controle glicêmico desses pacientes.
   O risco de novos episódios de hipoglicemia podem ser freqüentemente reduzidas pela diminuição das aplicações de insulina (diabetes melito (tipo 1)), pela diminuição das ingestões de medicamentos (diabetes melito (tipo 2)), ou pela atenção maior à glicemia durante eventos inesperados (quedas inesperadas de glicose). Também deve-se diminuir o ritmo nas práticas de exercícios físicos (o funcionamento dos músculos consome a glicose disponível no sangue e o corpo pode não ter tempo de liberar suas reservas de glicose, sempre temporário nos indivíduos sadios), diminuir a ingestão de álcool (seu consumo em excesso é a causa mais freqüente) e evitar o jejum prolongado entre as refeições.


Fonte: Site Wikipédia (Português).

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